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Paz e Amor e Retidão e Energia Criativa e Pensamento Positivo e...

quarta-feira, 17 de abril de 2013

O Alvo



Minha gente está pensando no fim.


No ponto final.

Na última instância.

A finalidade é o alvo, este transformado em razão.

Agora "para que" é o "por que", ou melhor, é o porquê.

A trajetória é secundária.

O percurso é somente pisoteado.

Contas, metas e notas são os pilares.

Hoje, aprender não está acima da prova e convencer o juiz é mais importante 
do que cometer ou não o crime.

Os beijos das tardes das novas estações são mais frios, visto que quase não se costura mais o agasalho da conquista, as meias da espera, o cachecol do cuidado...

A pressa de ter sobrepõe a calma de ser.

Os momentos são cuspidos ou engolidos inteiros.

Não há degustações.

Não se retêm os nutrientes.

O sentido real está se tornando subnutrido, o pensamento doente, a palavra fraca...

Minha gente! Está chegando ao fim! 



Igor Oliveira

 

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Uma Mania

É impressionante como temos dificuldades de largar velhos vícios, não é mesmo? Quantas vezes nos percebemos pela manhã falando quase nada com quase ninguém, mesmo a casa estando abarrotada de gente, aquela gente que está sempre conosco e está esperando que falemos qualquer coisa insignificante cheia de sentido. Um vício. Uma mania de silenciar. 


E quantas vezes dormimos por horas a fio, dia à dentro, sem cansaço, sem sono, sem razão. Deixamos passar horas irrepetíveis, calando nossa existência num gesto antigo. Um vício. Uma mania de silenciar.

Deveríamos estar nos humanizando, tendo em vista que fomos feitos ou evoluímos para mudar. Uma existência ligada à mudança. Transformar nos caracteriza, nos acentua, nos põe vírgulas, reticências...

Mas insistimos em nos pontuar e acabar a frase de nossos dias nos amarrando em um jeito velho de ser, uma mesmice de subjetividade, um quadro abstrato de uma cor só. Um vício. Uma mania de silenciar. 

Deveríamos ser, na medida do possível, fluidez e sermos gratos por isto. Uma vida. Uma mania de soar.

Igor Oliveira


quarta-feira, 10 de abril de 2013

Laranja

Ô menina, parece índia Yanomami 

Seu cabelo preto breu simula um toque, 

Que desabroche esse teu casto mastigado pelo meu.

 



Se quer tamanho vou despir a alma

E afogar a calma salivando um beijo teu 

Siga a seta e diga que sou seu

 

 

 

Venha sem chão, me ensina a solidão de ser só dois.
Depois te levo pra casa
Que o teu laranja é que me faz ficar bem mais.



Maria Gadú

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Intervalo

No intervalo da escuridão, há o marrom alaranjado das luzes noturnas,
As mesmas que sempre invadem pelas frestas e distorcem as formas.
No intervalo das letras, há o azul marinho enferrujado do sono,
O mesmo que persegue as estrofes e se apodera das rimas.
E assim se compõe o refrão que embala toda madrugada,
Num iluminado leito de inconsciente lirismo.

Igor Oliveira