Bem-Vindos

Paz e Amor e Retidão e Energia Criativa e Pensamento Positivo e...

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

À Musa


Porque não me vens quando te chamo?
Não queres mais me segurar a mão?
Pensas que já não te quero ou te amo?
Acreditas que, por acaso, prefiro a solidão?

Espero-te, mesmo quando não te clamo,
Sendo, por vezes, isso uma mera ilusão!
Persigo-te, assim, quando o peito inflamo,
E rogo sempre: Vem, tão amada, inspiração!

                                                                              Igor Oliveira

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Outra Chegada


Aprumei as costas há pouco
E, com os dedos nas estrelas,
Inspirei o cheiro do pôr-do-sol.
Apanhei tudo o que era meu:
Estopa, anzol, faca, viola, pão...
Desenlacei o cavalo e parti.

O galope compassava o peito
E a folhagem tocava os ombros
Indicando, na trilha, a distância.
No segundo outeiro, os cafés,
De onde já avistava o casebre
E mais ansiava outra chegada.

O descanso vem pelos olhos.
De certo, à porta, me esperam
E, acolhendo, abrem os braços
Num gesto de ternura e fulgor
De quem compartilha vitórias
Tão simples em cada dia vivido.


                                                        Igor Oliveira

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Diário Suíço


É verde a cor que vejo espalhada
Nos montes onde brota a alvorada
De um bando de aves que acorda
E, de suave canto, o dia transborda!
No sopro da manhã se sente um frio,
Por vezes calmo, por vezes arredio,
Mas é sempre branda a gente que passa
E traz no seu rosto um sorriso de graça!

Trabalho há para quem assim quiser
E não faz diferença, homem ou mulher,
Pois todos conseguem um bom lugar
E há prazer em se, por aqui, trabalhar!
A mesa na hora da refeição é farta,
Tendo queijo, vinho e quem o pão parta,
O ar se enche com o aroma da alegria
E se apaga o cansaço e a dor alivia!

Todo dia se encerra com alguma história
E alguém fala em pesar ou canta vitória
De tempos já remotos e outras eras,
Onde ancestrais viveram entre as feras!
Divertem-se adultos e também crianças
Com contos que parecem lembranças,
Não vendo a noite chegar de mansinho,
Chamando todos de volta pro ninho!

                                                                    Igor Oliveira

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Prece

Se faz grande o peso de te escrever!
A mão é fraca e a palavra é pouca!
Há vergonha de ser pequenino ser!
Mas não há mais voz de tão rouca!

Escolhi então a minha escrita singela,
Pra te pedir Teu olhar cuidadoso
Sobre este peito que a Ti se revela
Cansado, doído, em prantos, penoso!

Não é o meu igual ao Teu, coração!
E não é a minha igual foi a Tua, dor!
De mim pra Ti não há comparação!
Nada é tão grande como o Teu amor!

Mas ouve meu pedido quase inefável,
De quem busca mais que sensatez
E ao Teu olhar ser sempre agradável,
Ser um homem melhor do que vês!

                                                                    Igor Oliveira

sábado, 6 de agosto de 2011

Ao 19 de Julho

E Deus disse: "Faça-se a luz"
E ela se fez, por intermédio humano,
Na vigência do amor, ela nasceu!

Por ser luz, de seu brilho próprio
Era o destino de ter por ofício
Iluminar a vida pelo seu caminho.

E assim o é. Ela, luz vivente
Que por seus raios aquece e conforta
Feito aconchego de bom lar,

É capaz de trazer aos olhares
A consciência e a alegria do simples,
A beleza suave do que é verdade

E sendo ela mesma verdade em si,
Apesar da timidez do propagar-se,
Se desdobra em vigor, o seu clarão!

E sem pesar tudo se cumpre por ela
Todo amanhecer é primavera nova
Por ser, ela, a luz que nasceu pra ser!

                                                                Igor Oliveira

 

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Dúvida

Minha mulher será que quando chegar
Terá no seu rosto algo conhecido?
De mim saberá o entretempo vivido?
E, de nós, saudades vem a carregar?

Penso que neste dito nosso lugar,
Do muito tanto que já foi perdido,
Em parte não serei mais tão querido,
E porto serei pra quem quer navegar.

É fato que de longe não se sabe
Se o erro de antes, feito de imprevisto,
Podou o que agora já não mais nos cabe.

E assim de versos tortos me revisto,
Até que a dúvida de viver se acabe
E que não haja mais razão para isto. 

                                                              Igor Oliveira 

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Aliteral

As gotas grisalhas que guardam
As lembranças leves, que lavam
As saudades suas, que suavizam
As pinturas pardas de um passado

São ainda

Os fiapos finos que fincam
Os quadros quentes, que queimam
Os momentos muitos, que migram
Os desejos doces de um dia

                                                  Igor Oliveira

domingo, 31 de julho de 2011

Fases

De quantas formas
Fazes
De partes tantas
Fazes
De pontas tortas
Fases
Com poucos pontos
Fazes
Com quatro quinas
Fazes
Com vago tempo
Fases
Brincando quieto
Fazes
Brincando longe
Fazes
Brincando roto
Fases
Alusão a nós
Fazes
Alusão a quem
Fazes
Alusão ao céu
Fases

                         Igor Oliveira

terça-feira, 19 de julho de 2011

Três

Falta pouco para as três.
Virão, elas, me visitar?
Como quem cumpre obrigação.
Ou por força da natureza?
Tal como invenção do homem.
E, de certo, não o é?
Pois bem, que venham.
Para o que encontrar?
Braços abertos de sede.
E se deve brindar?
É fácil ver que sim.
Onde está o novo?
No ciclo, na mudança.
Não virão as mesmas?
Nunca serão assim.
Esperar o que não sabe?
Assim é esperança.
Falta pouco para as três?
E virão, elas, me visitar.

                                           Igor Oliveira

segunda-feira, 18 de julho de 2011

À noite

Vem a noite e recolhe tudo.
Tudo que eu insisti em ver.
Vem a noite e recolhe tudo.
Tudo que eu ainda queria ouvir.
Vem a noite e recolhe tudo.
Tudo que num dia quis viver.

Vem, a noite, e recolhe tudo.
Tudo que é soluço, calo na garganta.
Vem, a noite, e recolhe tudo.
Tudo que da alcova não pertence.
Vem, a noite, e recolhe tudo.
Tudo que é entrave e bordões.

Venha noite e recolhe tudo.
Tudo que é cansaço e suor.
Venha noite e recolhe tudo.
Tudo que por pouco não somos.
Venha noite e recolhe tudo.
Tudo que é pesadelo de gente acordada.

Vem a noite! Recolhe tudo!
Tudo que não é do amanhecer.
Vem a noite! Recolhe tudo!
Tudo que nem deveria existir.
Vem a noite!
Recolhe tudo! 

Igor Oliveira

domingo, 17 de julho de 2011

Homem

Se eu tivesse um filho
Se eu tivesse um livro
Se eu tivesse um campo

Eu teria a mim

Não por ser meu próprio guia
Não por ser meu próprio relato
Não por ser meu próprio lugar

Eu seria para mim

Como pouco pude ser legado
Como pouco pude ser levado
Como pouco pude ser alado

Eu veria a mim

De um lado ainda não visto
De um lado ainda não lido
De um lado ainda não ocupado

Eu não o guardaria para mim

Se eu tivesse um filho
Se eu tivesse um livro
Se eu tivesse um campo

                                           Igor Oliveira

sábado, 16 de julho de 2011

Espelho

Parece tarde para reparar
Reparar no meu quarto que não tem espelho
Espelho que não faz falta alguma

Posso me ver de forma clara aqui
Aqui há a mesma bagunça de páginas
Páginas rasuradas, não lidas, em branco

Posso folhear minha aparência de solidão
Solidão de Alencar, Queiroz e Machado
Machado que parte um uníssono em dois

Tantos sons na quietude deste canto
Canto para meus ouvidos o que já sabem
Sabem resguardar segredos como ninguém

Não há quem entenda as notas da minha metade
Metade minha que se fez meu quarto
Quarto que exibe minha existência por inteiro

Parece tarde para reparar
Reparar no meu quarto que não tem espelho
Espelho que não faz falta alguma 

                                                                             Igor Oliveira

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Quadro

  A conhecida feirinha de livros do calçadão está de volta! Deve ter por volta de dez quiosques abarrotados de velhos e novos livros. São diversos os temas: Teatro, romance, contos, literatura clássica, didáticos, religiosos, suspense, livros que estão em alta, infantis, entre tantos outros assuntos que nem ao menos tive tempo de olhar todos. Alguns me chamaram a atenção e tive vontade de comprar, mas não havia possibilidade financeira, então... Dentre eles posso citar alguns de sheakespeare, um cancioneiro de Vinicius de Moraes, "vidas secas" de Graciliano Ramos e "os sertões". Mas por alguma razão, que ainda não entendi a fundo, mais me chamou a atenção a vontade de escrever que tenho sentido. Não tenho nenhum tema ou assunto ou estilo fixo no pensamento, mas a simples vontade de escrever que me instiga como se quisesse pintar um quadro, o qual não tenho intenções de vender ou pendurar ou retratar qualquer paisagem que marcou alguma passagem importante da minha história. Não sei também se este principio vai chegar a algum lugar mais interessante, mas quis dar ouvidos a esse desejo na esperança de que ele me desse palavras suficientes para vivê-lo.